2H2H: Pelé Landy, Cacareco e Hugo Duarte enfrentam temida arbitragem holandesa

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Pelé venceu Martin de Jong, o melhor grappler da renomada Golden Glory

Logo após cobrir os shows de Leozinho Vieira e Royler Gracie e a consagração de Ricardo Arona na 3º edição do ADCC em Abu Dhabi, aproveitei a conexão em Frankfurt para ir a Roterdam na Holanda acompanhar as participações de Hugo Duarte, Alexandre Cacareco (campeão do WVC 8) e Pelé Landy (campeão do WEF 8) no evento holandês Too Hot Too Handle (2H2H). 

Pelé venceu Martin de Jong, o melhor grappler da renomada Golden Glory

Texto e Fotos: Marcelo Alonso

E o nome do evento não é um mero trocadilho para assustar lutadores estrangeiros. Ao chegar em Roterdam descobri que, ao contrário dos russos, a fama da arbitragem local de sempre favorecer os representantes da luta em pé, numa absoluta aversão ao grappling, era algo institucionalizado e oficializado pelas regras. Na verdade o 2h2h era uma espécie de Pancrase holandês, onde se o striker tocasse nas cordas o juiz poderia interromper a luta e voltar em pé. Ou seja, a bem da verdade Too Hot Too Handle, não era um Vale-Tudo e muito menos MMA. 

Mas graças a fama do MMA brasileiro e o prestígio do promotor do WVC, Frederico Lapenda, que levou os três atletas brasileiros, acordou-se que pelo menos na luta dos brasileiros as regras seriam “flexibilizadas” para o Vale-Tudo. Obviamente tudo dentro de um “bom senso” do árbitro e de acordo com as “manifestações” da temida torcida local (Roterdam é conhecida por ser a terra dos Hooligans holandeses). Conversando com alguns colegas da mídia local pude notar que para eles, até então acostumados a cobrir eventos de kickboxing, uma montada, por exemplo, era vista como uma “amarração” de um lutador que se utiliza de recursos “Pouco ortodoxos” para evitar ser nocauteado.        

PELÉ VENCE GRAPPLER HOLANDES

Mais de 4 mil pessoas lotaram o Ginásio de Ahoy para assistir ao show, realizado no dia 5 de março em Roterdam. 

Após vencer Pat Miletich (campeão do UFC) nos Estados Unidos e conquistar o cinturão do WEF, Pelé Landy passou a ser considerado o numero 1 do mundo na categoria lightweight (até 77kg), colocando o nome da Chute Boxe no mapa um ano antes de Wanderlei vencer Sakuraba e virar campeão do Pride. Pelé enfrentou Martin de Jong, considerado o melhor grappler da renomada Golden Glory. A luta foi duríssima em pé e, se não fossem as belas quedas aplicadas pelo atleta da Chute Boxe, os “famosos juízes holandeses” talvez tivessem dado a vitória para o lutador local. “Confesso que após a vitória sobre o Miletich dei uma relaxada nos treinamentos. Vou voltar a treinar forte porque agora tenho que defender o meu titulo no WEF”, reconheceu Pelé após a luta garantindo que se estivesse em seu ritmo normal de treinamentos não teria deixado a luta chegar até o final.

CACARECO ATROPELA AMERICANO

Na melhor participação brasileira no evento, Alexandre “Cacareco” simplesmente ignorou a diferença de quase 10kg do karateca americano Moti Horenstein e o finalizou em 2min42s. Depois de derrubar nos primeiros segundos, Cacareco logo chegou ao cem quilo, obrigando o homem que já havia lutado com Coleman, Kerr e Taktarov no UFC, a dar os três tapinhas com uma justa kimura. Após sua sétima vitória seguida no Vale-Tudo, Cacareco dedicou a vitória à memória do pai de seu mestre Carlos Brunocilla, que havia falecido recentemente. “Se não fosse o Fausto Brunocilla não existiria a Luta-Livre. E se o filho dele não existisse eu poderia estar no tráfico”, declarou emocionado o lutador, revelando que havia recebido uma proposta irrecusável para ensinar Luta-Livre em Amsterdam e já planejava se mudar no mês seguinte. 

Alexandre “Cacareco” finalizou Moti Horenstein

HUGO PERDE MONTADA E ACABA NOCAUTEADO

Na luta principal, o bem mais experiente General da Luta-Livre, Hugo Duarte entrou como franco favorito contra o ídolo local, Bob Schreiber. Um dos nomes mais respeitados talentos do Muay Thai em seu país, sendo um dos poucos que já derrubou o “Furacão” Gilbert Yvel. No Vale Tudo, no entanto, Scriber não havia conseguido se firmar até então, inclusive tendo perdido para “Cacareco” (WVC 8 – Aruba) e Wanderlei Silva (Pride). Hugo Duarte começou bem, derrubando o oponente com um tiro certeiro, passando sua guarda e montando em poucos segundos. Mas após algum tempo, o brasileiro cansou e perdeu a posição. Por baixo, Duarte ainda tentou um arm-lock e uma chave de pé, mas acabou sucumbindo ao ímpeto do holandês que, percebendo o bom momento, acertou-lhe com uma saraivada de golpes. Hugo virou de quatro levando uma série de socos na nuca e obrigando o juiz a interromper o combate em 3min30s. Enquanto a galera comemorava, o holandês pegou o microfone e mandou: “Se os brasileiros não aceitam lutar nas nossas regras (Mixed Fight), os vencemos nas regras deles (Vale-Tudo) mesmo”. “A luta estava ganha, mas cansei”, me disse Hugo após a luta.  com esta derrota e as anteriores para Kerr (Pride4) e Tank Abbott (UFC 17), o general acabou nunca mais voltando a lutar profissionalmente, terminando a carreira com um cartel de 6 vitórias e três derrotas. 

Hugo teve a luta nas mãos

 Além das três lutas de Vale-Tudo dos brasileiros, foram realizadas 8 lutas nas regras do Mixed Fight – o tal “Pancrase Holandês” onde se um dos lutadores tocasse na corda, o combate era interrompido. Destaques para o Furacão Gilbert Yvel, que simplesmente levantou os quatro mil presentes ao ginásio ao nocautear em 21 segundos, com sua fulminante joelhada voadora, o americano Brian Dun; para Alistar Overeem, que fazia sua quarta luta vencendo o local Can Shahinbas com uma joelhada  e também para o russo Andrey Semenov, que após vencer Darrel Gohlar e Amar Suloev no M-1 russo, fazia sua estreia internacional nocauteando Gohksel Sahinbas.