A última quinta-feira, dia 10 de junho, foi um dia histórico para o kickboxing mundial. O Comitê Olímpico Internacional finalmente anunciou o reconhecimento e filiação da WAKO (World Association of Kickboxing Organizations) como membro oficial após um longo processo que durou cerca de 25 anos. Em 2018, a entidade já havia sido reconhecida de forma provisória e agora passa a integrar de forma definitiva o quadro de membros filiados. Os próximos passos são cumprir todos os requisitos e passar a participar de competições continentais até uma possível inclusão nos próximos dois ou três ciclos olímpicos. Uma conquista e tanto para quem batalhou durante tanto tempo para colocar o esporte no patamar que merece.
Um destes nomes que fazem parte do processo é o presidente da Confederação Brasileira de Kickboxing, da Confederação Pan-Americana e Vice-Presidente da WAKO, Paulo Zorello. Campeão mundial três vezes pelo Brasil na época de atleta, ele é ligado à organização mundial desde 1989 e acompanhou todas as etapas até este momento. Zorello viu ser dado o primeiro passo, em 1996, através do italiano Ennio Falsoni, presidente da WAKO na época e hoje presidente honorário, que deu entrada com o processo que visava o reconhecimento do kickboxing pelo COI. O segundo passo foi dez anos depois, em 2006, com uma união entre as entidades mais atuantes do esporte para dar ainda mais força ao projeto, que teve outros capítulos em 2016 e 2018 até chegar neste dia 10 de junho. E hoje, 25 anos depois, o longo e desgastante processo chegou ao fim com um final feliz e muito aguardado para os membros e fãs do esporte. Parte crucial nessa caminhada, Zorello não esconde a alegria e fala um pouco sobre as expectativas daqui pra frente.
“A sensação ao receber a notícia beira o indescritível. Eu acompanhei todo o processo, mais de 30 anos dentro da WAKO, vi de perto todos os presidentes que passaram por isso. Estou também na Confederação Pan-Americana desde 1994 e receber essa notícia não tem preço. Não consigo nem mensurar o quanto será importante para o Kickboxing e para WAKO. É até meio louco que nesse momento somos parte da família olímpica. Cumprimos todos os protocolos com mais de 25 anos de trabalho e dedicação de uma geração inteira. E agora chegamos. Um novo espaço. Novas metas e objetivos já bem traçados. A estrada foi muito longa até abrir a porta, as recompensas vieram e agora é trabalhar forte para fazer jus”, festeja.
Zorello também tratou de explicar um pouco de como foi esse processo recente. “Nos últimos anos esse processo se intensificou, a WAKO precisou cumprir todos os protocolos, campeonatos mundiais regulares, campeonatos continentais nos cinco continentes, apoio às federações nacionais, filiação a WADA (Agência Mundial Antidopagem) com implementação de antidopagem nas competições, aproximação e filiação a FISU (federação mundial universitária), entre outras coisas. Até que, em 2018, em Tóquio, como sempre acontece nos ciclos olímpicos, fomos reconhecidos como membros provisórios. Condição que ficamos até agora, em 2021, quando finalmente fomos reconhecidos como membro oficial. Isso é sensacional”.
Uma longa caminhada, recheada de percalços e com final feliz. Mas engana-se quem pensa que o objetivo foi totalmente alcançado. Zorello explica o que representa, na prática, essa mudança e os próximos passos a curto prazo para que de fato o kickboxing possa estar em uma edição de Jogos Olímpicos.
“Agora somos membros oficiais, temos portas abertas para novas conquistas, eventos, participar das comissões e do movimento olímpico na íntegra. Cria-se a possibilidade de nos aproximarmos dos Comitês Olímpicos nacionais e pedir a filiação. Cada confederação também pode se aproximar de suas organizações continentais do Comitê Olímpico e fazer a gestão para participar dos campeonatos continentais. A Ásia, por exemplo, já participa dos seus campeonatos continentais há três ciclos, a Europa vai começar em 2023 no Campeonato Europeu. Com isso, vamos conseguir nos aproximar também para as competições em 2022 e 2023. Quando falamos em Olímpiadas falamos em dois ou três ciclos, talvez em 2028, mas não tem problema, é um processo. O importante é que já estamos dentro. Agora é abrir as portas para os campeonatos oficiais continentais e colocar o esporte em outro patamar”, finaliza.