O último fim de semana foi repleto de emoções fortes para o ex-campeão dos pesos-pesados do UFC, Fabricio Werdum, nos bastidores do ADCC 2024. Após ser incluído no Hall da Fama junto com outros cinco expoentes que marcaram as 13 edições do evento (Xande Ribeiro, Jean Jacques Machado, Ronaldo Jacaré, Vinny Magalhães e Orlando Sanchez), Werdum se encontrou nos bastidores com o principal responsável por sua chegada ao evento em 2003: Mark Kerr.
“Poucas pessoas lembram, mas foi graças ao Kerr que eu entrei no ADCC. O ano era 2003, eu tinha ido para Los Angeles para competir no Campeonato Pan-Americano de Jiu-Jitsu e, como estava começando e não tinha condições de pagar um hotel, dormi no dojo do Beverly Hills JJ Club, de meu amigo Marcus Vinicius de Lucia, onde o Kerr treinava. Quando o Panamericano terminou e eu estava voltando para a Espanha, Marcus chegou na academia com o Kerr e sugeriu que eu ficasse em LA ajudando-o para a super luta que ele teria com Arona no ADCC 2003 em São Paulo. Lembro que ele me ofereceu US$200 por dia e, obviamente, eu aceitei”, relembra Werdum, que sofreu forte pressão da comunidade de Jiu-Jitsu brasileiro, já que naquela época não era comum treinar americanos para lutar contra representantes do Jiu-Jitsu brasileiro.
A parceria deu tão certo que Kerr decidiu levá-lo como corner para o ADCC em São Paulo. “Já tinha pedido para os organizadores para lutar, mas infelizmente as chaves já estavam preenchidas. Foi então que Kerr descobriu que Ricco Rodrigues teve problemas com o visto e intercedeu junto à organização para que eu pudesse substituí-lo”, lembra Werdum, que acabou sendo um dos destaques daquela edição.
Enquanto seu parceiro Kerr perdeu a invencibilidade no evento, sendo derrotado por pontos por Arona (4×0), Werdum saiu do renomado evento com duas medalhas (bronze no absoluto e prata na categoria acima de 99kg). A partir desse evento, Fabricio, que já havia sido campeão mundial de Jiu-Jitsu, voltaria a se juntar à elite mundial do grappling.
A vitória no ADCC foi essencial para Werdum ser escolhido por Wallid Ismail para lutar contra Gabriel Napão na 1ª edição do Jungle Fight, quatro meses depois. No ano seguinte, Vai Cavalo receberia um convite de Mirko Cro Cop para morar na Croácia, um passo importante para chegar ao Pride 29 em fevereiro de 2005, onde finalizou Tom Erikson em sua estreia.
“Toda essa história começa com o Kerr. Mostrei para ele eu contando essa história na minha palestra e ele me mostrou o braço arrepiado. Foi muito emocionante poder reencontrá-lo e agradecê-lo mais uma vez. Disse a ele que mal posso esperar para ver o filme dele no cinema”.