Lutador da Nova União derrota quatro adversários em GP de Faixas Pretas até 70kg, unifica títulos da CBJJ e CBJJO e se consagra como No1 até 70kg. O gp Black Belt foi o 4o organizado por Fepa Lopes no dia 24 de junho de 2004, no Ginásio do Clube Esperia, em São Paulo. Há 21 anos o criador do BJJ Stars já pagava US$5700 em prêmios sendo US$3.225 (RS 10 mil Reais) para o campeão.
Texto e Fotos Marcelo Alonso

Em um momento em que o Jiu-Jitsu estava dividido em duas Confederações, era quase impossível saber quem era realmente o número 1 de cada categoria, já que normalmente os campeões da CBJJ e da CBJJO não se enfrentavam. Pensando nisso, o promotor Fernando Lopes (Fepa) organizou em 2002 e 2003 três edições do Desafio Faixa Preta de Jiu-Jitsu, promovendo superlutas entre alguns dos melhores lutadores de Jiu-Jitsu do Brasil em diferentes categorias de peso, com premiações em dinheiro e entrega de cinturões aos campeões. Uma iniciativa pioneira e inovadora de Fepa, que seria o embrião da BJJ Stars. Um evento que é referência mundial hoje e já está na 15º edição pagando premios de até 100 mil reais e sendo transmitida para o mundo todo através da Flograppling.
Nesta 4ª edição do GP Black Belt, Fepa promoveu um GP histórico reunindo 16 dos maiores pesos leves (até 70kg) em atuação no Brasil. “Essa é a melhor maneira de descobrir quem é realmente o melhor. Em setembro, farei um GP dos Médios (até 85kg) e em dezembro, um dos Pesados (acima de 85kg).” prometeu o faixa-preta de Roberto Godói, Fernando Lopes.
Oferecendo US$ 5.700,00 em prêmios (sendo US$ 3.225 para o campeão), Lopes conseguiu atrair para seu torneio quase todos os maiores da divisão. As unicas exceções foram Leonardo Vieira (treinando Belfort, que na época era campeão do UFC e treinava para a trilogia contra Couture no UFC 49) e Vitor Shaolin (que já se aproximava do cinturão do Shooto).
Entre os 16 lutadores escolhidos estavam os campeões mundiais de Jiu-Jitsu na categoria Leve, Daniel Moraes (CBJJ) e Leonardo Santos (CBJJO). O campeão mundial pena nas duas Confederações, Mário Reis, o campeão leve na CBJJ, Márcio Feitosa, além de Fredson Paixão (3º pena na CBJJ) e Reinaldo Ribeiro (3º pena na CBJJ e CBJJO). Cada luta deveria ter 7 minutos. O campeão teria que lutar quatro vezes para conquistar o título.
Um dia antes da competição, Luis Hermínio, presidente da CBJJO, fez um desafio no site da Tatame. “Aposto com qualquer um US$ 3.225 que o Leonardo Santos vai ganhar. A Nova União tem apenas um representante no evento, mas somos o número 1 no peso leve e vamos provar isso mais uma vez”, desafiou o Sr. Hermínio. Ninguém quis apostar com ele, então Leo Santos acabou ganhando US$ 6.450 (o prêmio do evento mais a aposta do Sr. Hermínio).
“ESTE GP FOI A UNICA MANEIRA DE PROVAR QUE SOU O MELHOR PESO LEVE”
Leonardo Santos Com viagem marcada para a Austrália para ministrar seminários, Santos ficou muito chateado quando o consulado australiano negou seu visto duas semanas antes do GP da Faixa Preta. “No começo, fiquei muito deprimido, mas percebi que era uma mensagem de Deus. Sempre sonhei em provar que sou o melhor peso leve do mundo e Deus me deu essa oportunidade. Aí liguei para a Fepa e disse que estava dentro”, lembra o campeão.
Para conquistar o cinturão de campeão e o prêmio em dinheiro, Santos abriu o torneio raspando duas vezes o pupilo de Marco Barbosa, Tiago Gomes. Nas quartas de final, Santos utilizou a mesma técnica para derrotar Gustavo Facirolli (Godoi JJ) por 2×0. Facirolli, campeão paulista, derrotou o experiente Fredson Alves (Gracie) por 2×0 (raspagem) em seu primeiro combate. Na sequência, porém, foi superado pelo campeão. Leonardo puxou o oponente para a guarda e conseguiu uma raspagem (2×0), passando a maior parte da luta na meia-guarda do adversário tentando passar.

Na semifinal, Santos enfrentou Fredson Paixão (Gracie Barra). Paixão derrotou facilmente em sua primeira luta Laercio Fernandes por 13×0 (raspagem, passagem de guarda, montada) e Luciano Nucci (Ryan Gracie). Apoiado pela barulhenta torcida da Gracie São Paulo, o aluno Ryan começou raspando Fredson (2×0). Fredson respondeu raspando de volta (2×2) e passando a guarda (5×2), completando o placar com outra passagem de guarda (8×2).
Na semifinal entre Santos e Paixão, Santos começou a derrubando Fredson (2×0), que na sequencia surpreendeu o atleta da Nova União com uma omoplata. Leo escapou e a luta voltou em pé, com Fredson derrubando Santos na mesa dos juízes, recebendo um ponto negativo por sua má atitude. Santos levou quase 3 minutos para se recuperar de fortes dores nas costas.
Quando a luta foi reiniciada, Fredson trouxe Santos para a guarda. Léo conseguiu passar (5×0), montando na sequência. “Eu não estava no meu melhor dia. As pernas longas dele atrapalharam meu jogo. Mas isso não vai acontecer quando eu enfrentá-lo novamente”, disse Fredson apostando em Santos na final contra Reinaldo Ribeiro. “Reinaldo está na melhor forma que já vi, mas se ele deixar o Léo Santos pegar com a mão direita na gola, ele vai voar”, disse Paixão antes da luta.
NOVA UNIÃO VENCE BRASA NA FINAL
Leonardo Santos foi o campeão, mas Reinaldo Ribeiro, representante da Brasa foi considerado a grande revelação da noite, vencendo o campeão e o vice campeão mundial, Marcio Feitosa (Barra Gracie) e Daniel Moraes (Gracie), em sequência.
Após finalizar Dany Abu (Macaco Gold Team) com um estrangulamento pelas costas, Ribeiro enfrentou Marcio Feitosa nas quartas de final – Feitosa derrotou Rodrigo Damm (Alliance) em sua primeira luta por uma vantagem (raspagem). Contra Feitosa, Ribeiro puxou o oponente para a guarda, quando Feitosa tentou passar, Reinaldo o surpreendeu com uma omoplata, obtendo uma vantagem que lhe garantiria a vitória. Feitosa tentou passar a guarda do oponente até o final, mas não conseguiu.
Na semifinal, Reinaldo surpreendeu o atual campeão mundial Daniel Moraes. Mais uma vez puxou o adversário para a guarda tentando raspar, Daniel se defendeu em pé para não se desequilibrar, mas abriu espaço para Ribeiro ir para suas costas e derrubá-lo (2×0). No chão, Ribeiro colocou os ganchos (6×0), aplicando um estrangulamento de gola que obrigou Moraes a bater. “Não tive tempo para descansar depois da minha luta dura contra o Mário Reis. Isso não foi justo”, reclamou Moraes, que decidiu não voltar para enfrentar Fredson na disputa pelo 3º lugar.
Reinaldo disse que esta vitória o fará treinar mais Jiu-Jitsu. “Na verdade, gosto mais de treinar sem quimono do que Jiu-Jitsu de quimono. Esta vitória vai me motivou para treinar mais. Vou lutar tanto na Copa do Mundo quanto no Mundial de Jiu-Jitsu”, garantiu o aluno de Castello Branco.

DANIEL MORAES VS MARIO REIS: A MELHOR LUTA DA NOITE
Mesmo sem pontuar, Mário Reis (BTT) e Daniel Moraes (Gracie) fizeram a melhor luta do evento em um clássica entre um guardeiro e um passador, vencido por Daniel por 4 vantagens contra 3 de Reis.
Moraes começou derrotando Ocimar (Chute Boxe) por 16×0, enquanto Reis finalizou Fernando Fidelis com uma chave de braço reta em sua primeira luta.
A melhor luta da noite começou com Reis puxando Moares para a guarda tentando raspar. Moraes defendeu tentando passar na sequência, mas Reis respondeu mostrando toda sua elasticidade com um movimento plastico, aplicando um estrangulamento em Daniel, conseguindo sua primeira vantagem (1×0). Daniel defendeu e chegou à meia-guarda do oponente (1×1). Na sequência Reis surpreendeu o oponente com uma omoplata (2×1), Daniel defendeu chegando à meia-guarda do oponente mais uma vez (2×2). Neste momento Reis repete o estrangulamento (3×2), mas Moraes vira o placar chegando à meia-guarda de Reis duas vezes (3×4) e passando a guarda dele no último minuto. O ponto não foi computado porque o gongo tocou no momento exato em que Moares conseguiu a passagem de guarda. “Não tenho desculpas, mas quero reclamar com os promotores porque fui o único lutador com 70 kg na pesagem da luta (um dia antes do evento). Quando cheguei aqui, o Fepa disse que aceitaria 73 kg com o gui. Isso é um absurdo total. Feitosa, Ribeiro, Moraes e Santos estavam acima do peso no dia da pesagem”, garantiu um revoltado Mário Reis.
ESTREIA DA CHUTE BOXE NO GP DA FAIXA PRETA
Três meses após receber a faixa preta, juntamente com Rafael Cordeiro, Ocimar Costa (Chute Boxe), foi o responsável pelo primeiro teste real da Chute Boxe Team nos tatames. Ocimar enfrentou o atual campeão mundial de Jiu-Jitsu na categoria leve, Daniel Moraes (Gracie), ex-parceiro de seu mestre, Cristiano Marcelo.
Ocimar tentou um double leg, mas Daniel pegou suas costas (4×0). Apoiado pelos gritos típicos da Chute Boxe: “Heyy Heeeyyy”, Ocimar escapou, mas foi raspado na sequência (6×0) com Daniel passando a guarda (9×0). O representante da Chute Boxe puxou o adversário para a guarda novamente, mas Daniel passou mais uma vez (12×0) e montou (16×0). Após a vitória, Moraes foi cumprimentar seu ex-companheiro de equipe, Cristiano.
GP FAIXA PRETA
1ª FASE
Leonardo Santos (Nova União) 4 x 0 Tiago Gomes (Associação Barbosa)
Frédson Alves (Gracie) 0 x 2 Gustavo Falcirolli (Godoi JJ)
Carlos Vieira (Cia. Paulista) 0 x 4 Luciano Nutti (Gracie São Paulo)
Frédson Paixão (Gracie Barra) 13 x 0 Laércio Fernandes (Lotus Clube-SP)
Márcio Feitosa (Gracie Barra) 0 x 0 Rodrigo Damm (Aliance)
Reinaldo Ribeiro (Brasa) finalizou Danny Abu (Macaco Gold Team)
Daniel Moraes (Gracie) 16 x 0 Ocimar Costa (Chute Boxe)
Mário Reis (BTT) finalizou Leandro Fidellis (Clube Lótus)
QUARTAS DE FINAL
Reinaldo Ribeiro (Brasa) x Márcio Feitosa (Gracie Barra) – Reinaldo 1×0 em vantagem
Daniel Moraes (Gracie) x Mário Reis (BTT) – Moraes 4×3 em vantagem
Frédson Paixão (Gracie Barra) 8 x 2 Luciano Nutti (Gracie São Paulo)
Leonardo Santos (Nova União) 2 x 0 Gustavo Falcirolli (Godoi JJ)
SEMIFINAL
Reinaldo Ribeiro (Brasa) finalizou Daniel Moraes (Gracie): Estrangulamento
Leonardo Santos (Nova União) 5 x 0 Frédson Paixão (Gracie Barra)
FINAL
Reinaldo Ribeiro (Brasa) 0 X 4 Leonardo Santos (Nova União)