Prestes a defender o título dos pesos pesados pela segunda vez, desta vez numa revanche contra Stipe Miocic, de quem tomou o cinturão com um nocaute em julho do ano passado, Daniel Cormier possui em usa engrenagem de treinamentos uma importante peça ‘made in Brail’.
Trata-se do Kickboxer paulista Tiago Beowulf, responsável por afiar a parte em pé do wrestler. Em bate-papo com o PVT, Beowulf contou um pouco de sua história, lembrou como conheceu e as melhores histórias que tem com o boa praça Daniel Cormier. E, claro, analisou o importante combate deste sábado.
“Espero uma luta muito dinâmica. O Miocic se tornou o maior peso pesado da história do UFC e ele vai vir muito bem preparado. Cormier está em sua melhor versão: rápido e movimentando muito mais que nos últimos camp de treinamentos. Posso afirmar que ele está muito mais forte. Estamos treinando muito, ele está fazendo três treinos por dia, nós não tiramos nem o sábado de folga (risos)”, destacou o brasileiro.
Confira abaixo o bate-papo na íntegra:
PVT: Se apresenta para quem ainda não te conhece.
Tiago Beowulf: Meu nome é Tiago Beowulf, moro em São Paulo, comecei a treinar Muay Thai em 2003, sou grau preto de Muay Thai pela academia Combate Sport, graduado pelos mestres Gilmar China e Nelson Selleri. Também sou faixa preta de kickboxing pelo mestre Paulo Zorello. Comecei minha carreira como atleta profissional de Kickboxing e Muay Thai, com 20 anos, hoje tenho 25 lutas e apenas três derrotas. Fiquei sete anos invicto, fui campeão da Forja dos Campeões (campeonato de Boxe mais disputado do pais). Fui considerado o melhor peso pesado do Brasil por dois anos, de 2009 a 2011.
PVT: Como você foi parar nos EUA?
TB: Eu foi para o Westminster nos Estados Unidos em 2017, tirei dois meses de férias para estudar inglês e conhecer as academias mais tradicionais. Fiz um mês de intercâmbio e durante o esse mês treinei com Duane Ludwig no Colorado. Duane foi considerado por dois anos o melhor treinador de MMA do mundo.
Quando finalizei meu curso, fui para Califórnia praticar o meu inglês e treinar na AKA, treinar com os atletas como Daniel Cormier, Cain Velásquez, Luke (Rockhold), Khabib (Nurmagomedov), Jonh Fitch etc. Eu cheguei na semana da segunda luta contra o Jon Jones e todos tinham viajado para a “fight week“. Cheguei na AKA e me senti em casa (risos).
PVT: Como conheceu o Daniel Cormier?
TB: Conheci o Cormier três dias antes de voltar para o Brasil. Eu estava lá há três semana e meia. Cheguei para meu último treino na AKA e o DC estava na academia, fizemos um sparring leve, conversamos um pouco e foi nosso primeiro contato. Quatro meses depois eu recebi uma ligação do Leandro viera, ele queria saber se eu poderia voltar para ajudar o DC, pois ele ia disputar o cinturão que estava vago.
PVT: Como são os treinos com essa fera?
TB: Os treinos são incríveis! ele é um atleta muito disciplinado e focado, absorve todos os detalhes que você passa e aplica durante os treinos. Particularmente, eu nunca vi um atleta como ele. Ele é especial em todos os aspectos, dentro e fora do ringue Essa é a quarta luta que eu ajudo o DC na sua preparação para luta, e em cada luta temos um ritmo de treino diferente, que varia de acordo com luta.
Quando ganhamos a luta com contra Volkan Oezdemir, o mais impressionante para mim foi a forma que ele ganhou a luta, pois treinamos muito, e, sem ser combinado, eu vi que ele ditava o ritmo do sparring. Foi muito parecido com a luta.
Nas lutas seguintes ele me convidou novamente. contra o Miocic foi completamente diferente, pois já tínhamos uma amizade construída na luta passada e isso fez uma diferença enorme, pois pude mostrar mais a minha experiência no kickboxing, além dos sparring, com pads e drills. Dessa vez fizemos história, ele conquistou algo inédito, se tornou campeão de duas categorias de pesos diferentes, meio-pesado e pesado. Double Champ.
PVT: Tem alguma história curiosa com ele?
TB: Eu tenho milhares, pois ele é um cara muito divertido e familiar. Na luta contra o Derrick Lewis. Ele assinou contrato faltando três semanas para a luta, e aí ele me ligou no mesmo dia, uma quarta-feira, por FaceTime, e começou a rir no vídeo perguntando onde eu estava e o que estava fazendo. Eu estava no Brasil treinando ajudando meus amigos Haime Moraes e Leonardo Cabeção para as próximas lutas.
Ele falou: Beowulf, fechei uma luta e preciso de você, preciso para hoje. Eu ri e falei: ‘impossível! você está falando sério?’ E ele realmente estava (risos). Falei: ‘ok! Eu posso ir amanhã à noite’. Resumindo: eu peguei o voo na quinta-feira à noite e cheguei na sexta em San Francisco, fui de Uber até a academia e ele estava com luva e capacete, pronto para fazer sparrings. Ele falou: ‘Beowulf, corre, troca de roupa e vem.
Fizemos três rounds duros de sparrings, com toda a imprensa do UFC filmando. Não sei da onde eu tirei forças, pois não dormi no voo e nem comi (risos).
Outra coisa curiosa é que durante a preparação para a primeira luta contra o Miocic, a gente treinava muito, e quando voltávamos para casa, ele colocava música e começava a cantar no carro (risos).
PVT: E o que você espera dessa revanche?
TB: Espero uma luta muito dinâmica. O Miocic se tornou o maior peso pesado da história do UFC e ele vai vir muito bem preparado. Cormier está em sua melhor versão: rápido e movimentando muito mais que nos últimos camp de treinamentos. Posso afirmar que ele está muito mais forte. Estamos treinando muito, ele está fazendo três treinos por dia, nós não tiramos nem o sábado de folga (risos).
PVT: Vencendo, pode ser que o UFC queira casar uma luta contra o Jon Jones. O que você acha desse confronto nos pesos pesados? Cormier leva vantagem?
TB: Definitivamente, pois esse sempre foi o peso dele. Era muito difícil para ele lutar na categoria meio-pesado. Ele dominou a categoria peso pesado e, se o Jones subir, vai encontrar um lutador completamente diferente. Muitos não sabem, mas ele só baixou para essa categoria porque o Cain Velásquez era campeão peso pesado e, para não enfrentar o amigo, ele fez esse sacrifício. Anos depois, ele se tornou campeão de duas categorias.
Acho importante reforçar isso, para mostrar que temos que fazer o nosso trabalho e ser honesto, buscar ajudar seus companheiros de treinos a crescerem também. Acredito que são uns dos pilares do sucesso Sou muito grato ao DC, pois ele me ensinou muito, e um exemplo de humildade e dedicação, respeitar e trabalho em equipe, ajudando todos em sua volta.