Campeão Brasileiro de jiu-jitsu, Patrick Gaudio mira título inédito do Mundial e aguarda convite do ADCC

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Patrick Gaudio conquistou o bicampeonato brasileiro na faixa-preta - Divulgação

No último dia 28 de abril, Patrick Gaudio tornou-se campeão brasileiro, pela segunda vez, na faixa preta, após superar Pedro Machado em uma disputa desempatada pela decisão dos juízes. Mais do que o bicampeonato, o título representou para Gaudio a certeza de ainda ter muita lenha para queimar entre os profissionais. Aos 30 anos, o atleta vivia uma seca nas competições de quimono, tendo obtido sua última grande conquista em 2020, no Europeu, da IBJJF. Depois disso, passou por momentos delicados, e uma cirurgia no quadril o fez duvidar, inclusive, do seu retorno em alto nível. Mas dedicação e persistência sempre foram marcas registradas na vida de Patrick, e a resposta veio em grande estilo, com um ginásio lotado e contra o até então favorito ao título da categoria.

Patrick Gaudio conquistou o bicampeonato brasileiro na faixa-preta – Divulgação

“Eu tô muito feliz, vivi muitos momentos de incertezas, depois da cirurgia não sabia se conseguiria voltar a performar em alto nível. Mas só eu sei o quanto eu me dedico e o quanto eu vivo o Jiu Jitsu. Então me apeguei a isso e fui deixando o processo mais leve e retomando a confiança. Antes de lutar o Brasileiro tinha muita gente falando que eu deveria me aposentar, que eu já estava acabado. Gente da minha própria equipe. Mas, graças a Deus, eu tenho pessoas boas do meu lado, que veem o que eu passo no meu dia-a-dia, o meu sacrifício, e são as palavras dessas pessoas que eu me importo e paro para ouvir. Acho que mostrei que ainda tenho muito a realizar e posso inspirar essa nova geração de atletas”, afirma.

Com o título brasileiro, Gaudio alcançou a pontuação necessária para lutar o Mundial, da IBJJF, que acontece entre os dias 29 de maio e 2 de junho, na Califórnia, EUA. Esse é um dos poucos títulos que o atleta ainda não conquistou na faixa preta, tendo batido na trave em duas oportunidades. Em 2017, ele acabou derrotado na final pelo líder da Atos, André Galvão, e em 2018 foi superado por Felipe Pena. Dessa vez, ele aposta na experiência para alcançar o lugar mais alto da categoria dos pesados, até 94kg, que já tem entre os confirmados nomes como Adam Wardzinski, Rayron Gracie e Roberto Jimenez, e deve contar também com os finalistas de 2023, Fellipe Andrew e Pedro Machado.

“Eu botei o quimono faltando 5 semanas para o Brasileiro, e sinceramente só lutei porque não tinha os pontos necessários para o Mundial. Queria ter me preparado melhor, mas acabou sendo o suficiente porque o resultado veio e fui campeão. Agora para o Mundial vai ser diferente. Vou chegar ainda mais bem preparado, estou muito animado para buscar esse título. É o único que eu não tenho, já cheguei perto duas vezes. É uma categoria muito dura, mas conheço bem todos os atletas, estou me sentido muito bem e esse pode ser o meu ano”, aposta Gaudio.

Apesar do sonho de se tornar campeão Mundial, a verdadeira obsessão de Gaudio é o ADCC. O lutador tem se dedicado muito aos treinos sem quimono nos últimos anos, e vive a expectativa de ser convidado para a próxima edição do evento, considerado o mais importante do grappling mundial, que acontece em agosto, em Las Vegas, EUA. Ele acabou derrotado na seletiva por Henrique Ceconi, mas demonstra otimismo em ser chamado para integrar as disputas da categoria até 99kg.

“Fiz uma luta bem dura com o Ceconi na seletiva, ele conseguiu duas quedas logo no início e teve méritos em vencer. Mas quero muito lutar o ADCC, acho que tenho muitas chances de ser chamado ainda para a categoria de 99kg. É o título que todo atleta de grappling quer ganhar, é o meu foco desde o ano passado. Tenho treinado muito sem quimono. Acabou que a seletiva não foi como eu esperava, mas estou esperançoso que esse convite vai chegar”.

Patrick Gaudio é um dos atletas mais experientes do circuito, ele treina na GFTeam, aos comandos do mestre Júlio César, e também é um dos atletas patrocinados pela Brazil Combat. Esse suporte que recebe dentro e fora dos tatames, segundo ele, é fundamental para se manter em alto nível durante tanto tempo.

“Todo atleta precisa de uma rede apoio, e comigo não é diferente. Tenho uma equipe multidisciplinar que me ajuda muito, minha namorada e meu professor Júlio, que é um cara que está sempre me apoiando, sabe de todas as minhas dificuldades, minhas correrias e temos uma confiança mútua. E assim também acontece fora do tatame com a Brazil Combat, que há anos me dá um suporte incrível de material e agora também na parte de suplementação. É um tipo de suporte que todo atleta de alto nível precisa. Por isso, só tenho a agradecer essas pessoas que estão comigo nessa caminhada”, finaliza.