Cinturão mais cobiçado do muay thai: brasileira busca fazer história em final neste sábado

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Por Alan Oliveira

No próximo sábado, dia 22, uma brasileira terá a chance de brilhar num evento de gala. Bárbara “Anaconda Queen” Aguiar disputa o cinturão vago do peso galo do estádio Rajadamnerm. A adversária será a estoniana Marie Ruumet, e quem vencer será a primeira não-tailandesa detentora do cinturão do tradicionalíssimo estádio.

Barbara com o cinturão do RWS conquistado em 2024 (Foto: divulgação)

“É o cinturão mais importante do cenário do muay thai na Tailândia. Quando vim para cá, as mulheres nem podiam lutar em estádio. Em 2023 começamos a lutar no Raja, então virou um sonho de lutar lá, e vou realizar esse sonho no sábado. É incrível!”, vibra Aguiar.

Rajadamnerm é o estádio de muay thai mais antigo da Tailândia, e ao lado do Lumpinee é um dos mais tradicionais e cultuados. Ambos premiam seus campeões com cinturões cobiçados cinturões com seus nomes. Na categoria masculina, tradicionalmente sempre foi raríssimo um não-tailandês vencer um título de um estádio. Já na categoria feminina não há representantes no Lumpinee, mas o Raja incluiu as mulheres na disputa em 2023, e duas tailandesas logo dominaram as duas categorias.

A atleta da Phuket Fight Club, que possui Marlon Sandro e Leo Elias com “head coaches” (“treinadores principais”), chega em alta para a final após vencer, em 2024, o torneio do RWS, torneio disputado no Rajadamnerm, mas com cinturão próprio, não cinturão do estádio. A campeã terá uma revanche e novo confronto de estilos contra Ruumet, para quem perdeu ano passado por decisão dos juízes.

“Aquela luta foi de três rounds, mas essa é de cinco, o que me favorece. Ela anda para trás, usa o teep e chuta. Eu ando para frente, usando joelho, cotovelo, mão, e gosto de clinchar. Então a luta vai ser assim. Vamos ver qual vai ser o melhor estilo dessa vez”, disse “Anaconda Queen”, que possui esse apelido devido à força no clinche.

O caminho até tão sonhada disputa não foi fácil. Mineira de Belo Horizonte, Bárbara viajava bastante de ônibus, cortando peso, para lutar em São Paulo. Há seis anos na Tailândia, a brasileira também enfrentou adversidades.

“Minha renda aqui na Tailândia vinha apenas do muay thai, então tinha que lutar muito e, claro, treinar muito. A imunidade baixava, a Tailândia não é um país muito limpo e por isso já lutei diversas vezes com inflamações, bem doente e tomando remédios fortes”, contou a lutadora.

Com o prêmio do RWS de 2024, no valor de de 3 milhões de bahts (cerca de 500 mil reais), a vida financeira melhorou, mas Barbara ainda não vive só de luta, precisando ministrar aulas de natação para complementar a renda. Porém, sabe que um cinturão do Raja pode representar grande mudança em sua carreira. 

“Já trabalhei em outras coisas, fui professora de dança no Brasil, mas escolhi o muay thai para viver. Sequer penso em treinar MMA, não tenho esse vontade de migrar. As aulas de natação não tomam muito meu tempo, e sei que estou no caminho certo para viver só de luta”, disse a lutadora de 29 anos.