Com cinco vitórias seguidas e luta marcada na Rússia, brasileiro ex-UFC cogita se aposentar: ‘Não tem incentivo’

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Catarinense, que luta esta sexta no Fight Nights Academy, fez longo desabafo sobre o MMA brasileiro – Foto: Dave Mandel/Sherdog

Ex-lutador do UFC, Alberto Uda vive uma grande fase na carreira. Desde que deixou o octógono mais famoso do mundo, Alberto Uda não sabe o que é perder. Já são quatro vitórias seguidas, três delas por finalização. Sem lutar desde agosto de 2017, ele entra em ação nesta sexta-feira, dia 3 de maio, no Fight Nights Academy Penza, que será realizado na Rússia, em busca de mais um triunfo na carreira. Ele terá pela frente o russo Rinat Fakhretdinov, que possuiu 15 vitórias e apenas uma derrota na carreira, e vem de uma sequência de 13 vitórias seguidas. Uda garante que não fugirá de suas características, e buscará o nocaute contra o russo.

“Consegui ver poucas lutas dele no YouTube. Foi difícil encontrar os combates que ele fez, mas montamos uma estratégia baseado nas lutas que conseguimos assistir. A expectativa é trocar em pé, já que ele é um cara que vem da trocação também. Não está no meu plano de ação colocá-lo para baixo e buscar a finalização. Eu vou para nocauteá-lo”, disse Uda, que já foi campeão mundial de Muay Thai.

Uda conta com um cartel de 13 vitórias e apenas duas derrotas. Seu início de carreira foi promissor. Ele engatou nove vitórias seguidas, vencendo oito delas por nocaute ou finalização, e acabou contratado pelo UFC. No entanto, ele não conseguiu repetir as boas atuações e perdeu as únicas duas lutas que fez na organização, e acabou demitido na sequência. Ele garante ter tirado boas lições e que não cometerá os mesmos erros do passado.

“Eu só perdi no UFC. A primeira vez eu senti o clima. Não tinha nenhuma experiência de lutar fora do país. Na segunda foi um erro de estratégia mesmo. Mas acredito que já consegui retomar o caminho que me levou ao UFC. Na Rússia pretendo não errar e fazer uma boa luta. As derrotas no UFC me ensinaram algumas lições, e a principal delas foi aprender melhor a lidar com a questão do fuso horário”, explicou Uda.

Futuro indefinido

Aos 34 anos, Uda ainda está indeciso sobre o seu futuro após essa luta na Rússia. Vencendo ou perdendo, ele vê o relógio biológico e a falta de oportunidades como seus maiores adversários, e fez um longo desabafo sobre a situação do MMA no Brasil.

“Estou sem lutar desde 2017. No Brasil tem poucos eventos, e os que aparecem querem pagar com ingresso ou pagam muito pouco. Tem um ou dois eventos que conseguem pagar melhor, mas que acontecem uma vez ou outra. É muito difícil ser lutador no Brasil. É o país que começou esse esporte, mas é o que menos possui eventos e o que menos paga aos atletas. Se você quer lutar, tem que lutar fora do país. Se lutar no Brasil, você vai passar fome. Para ser um atleta de ponta hoje é muito difícil, você não consegue se dedicar apenas ao esporte, precisa ter outro emprego para pagar as contas. Tenho pensando bastante se vou continuar a lutar. A idade vem chegando, vamos vendo que o MMA não é mais aquilo tudo e que será muito difícil alcançar o que sonhamos. Não tem incentivo, então fica difícil pensar em continuar. É claro que eu quero prosseguir, pois é o que eu mais amo fazer, mas preciso pensar mais sobre o que vou fazer em seguida”, desabafou.

Por conta de todas essas dificuldades para se manter como profissional da luta, Uda gostaria de voltar ao UFC, onde ele acredita que poderia se dedicar mais ao esporte e conquistar uma estabilidade financeira. Mas ele procura não alimentar esse sonho.

“Todo lutador sonha em lutar no UFC. É o maior evento, e o que paga melhor. Hoje os eventos fora do país estão pagando bem, mas temos muitas despesas e o que sobra pra gente é pouco. Por isso, tenho muita vontade de voltar para o UFC. Lá você ganha bem, é bem tratado e tem mais visibilidade. Mas por conta da minha idade, das duas derrotas que sofri lá, não sei se isso irá acontecer. Mas quem sabe, né?”, concluiu o casca-grossa.