A vontade foi maior que a dor. Mais uma vez a determinação fez a diferença na vida do ex-camelô Leonardo Silva de Oliveira, o Leonardo Cabeção, que adiou uma cirurgia no quadril e uma no joelho para lutar no evento Plataforma S-70, realizado no dia 14 de agosto em Sochi, na Rússia. A mesma gana que o fez vencer dia após dia na 25 de março, maior centro de compras popular de São Paulo, o fez superar as graves lesões para derrotar o russo Artur Astakhov na decisão unânime dos juízes. Apesar das circunstâncias, o brasileiro esperava uma atuação melhor no evento que homenageia o presidente da Rússia Vladimir Putin.
“Não gostava de trabalhar como camelô. Era uma obrigação, porque eu precisava. Eu trabalhava para me manter treinando, para ter dinheiro para ir para a academia e para me alimentar. A luta eu faço por amor, porque eu gosto, e por isso a minha vontade sempre vai ser maior. Eu lutei lesionado, vou precisar fazer uma cirurgia no quadril e outra no joelho, pois rompi os ligamentos e o menisco, mas confesso que esperava um resultado melhor. Mas o importante foi que eu consegui impor o meu ritmo e sai com a vitória”, disse Cabeção, que ainda cogita disputar o cinturão do Shooto Brasil no dia 27 de setembro antes de fazer as duas cirurgias.
Especialista em Kickboxing, Cabeção construiu um cartel com 16 vitórias e apenas quatro derrotas. Dessas derrotas, a que mais o incomodou foi o revés que sofreu no Dana White’s Contender Series, evento que tem servido de peneira para lutadores que buscam uma vaga no maior evento de MMA do mundo. O cearense, que está radicado em São Paulo, acabou finalizado por Márcio Lyoto, mas ele acredita que o ocorrido foi uma fatalidade, e que se houvesse uma nova luta entre eles o resultado seria diferente.
“A luta contra o Marcio Lyoto foi uma fatalidade. Quem me conhece, sabe que a luta não era pra ter terminado daquela forma. Mas o MMA é imprevisível, nem sempre o favorito vai vencer. Mas acredito que se tivesse uma nova luta contra ele, o resultado seria totalmente diferente”, avaliou.
Aos 27 anos, ele ainda sonha em ter uma oportunidade no UFC. Para quem acordava todos os dias de madrugada para trabalhar como camelô, superou a dor e outras situações adversas que a vida lhe impôs, nada será obstáculo para que o sonho se torne realidade.
“Eu trabalhei de camelô pois era a única opção que eu tinha como profissão, porque não tive estudo. Então, eu acordava cedo todo dia para trabalhar como camelô e meu sustento todo vinha deste trabalho. Mas, graças a Deus, hoje eu vivo da luta. Tenho empresário e uma fonte de renda razoável que recebo todo mês para viver como um lutador. Agora também estou conseguindo lutar fora do Brasil, aí ganho um pouco mais nas bolsas, e assim consigo me manter como atleta. Então, nada e nem ninguém vai me fazer desistir de atingir os meus objetivos”, concluiu.