Por Alan Oliveira
Nesta segunda, o site “O Município de Blumenau” divulgou que Taila Santos teria aplicado golpes em seus treinadores, em pelo menos três deles. Segundo a matéria, a lutadora do UFC teria contratado treinadores e não os pagou, e um dos lesados teria sido Patrício Farias, 37, cunhado de Taila, que acusa o próprio irmão, Pedro Farias, de participar das ações.
“O golpe é sempre o mesmo e no fim a culpa é dos dois. Um tem a ideia e o outro aprova. Eles firmam parceria com você, treinam por um tempo e depois saem, mas não pagam nada. Só nesta brincadeira eu já estou com R$ 15 mil em dívidas”, disse o treinador ao site: “Foi assim comigo e com outros dois professores dela. Pedro montava as equipes, prometia pagamentos e contratos, porém, do nada, se irritava e se intrometia nos treinos. Após criar intriga, ele mandava os profissionais embora, mas nunca pagava pelo serviço que foram prestados”, que garante ter como provar que foi contratado pelo marido de Taila e pela atleta para trabalhar o jiu-jitsu desta.
Ainda segundo a matéria, os “outros dois professores” seriam Marcelo Brigadeiro, da Astra Fight, e Marcio Malko, da Thai Brasil Floripa, que ajudou a atleta a disputar o cinturão contra Valentina Shevchenko em junho deste ano, quando acabou sendo derrotada por decisão dos juízes. Ouvida pelo PVT, Taila se mostrou revoltada com o assunto, mas se defendeu.
“Se você quer fazer matéria de fofoca, eu nem tenho o que dizer. Mas posso falar que Patricio tem treta com o irmão dele, e está me usando. Ele fez uns trabalhos aqui pra gente, mas nada de luta. Pintou os muros quando estávamos em obra. Pagamos, mas ele sempre queria mais dinheiro, e não estamos aqui para sustentá-lo”, contou a 2ª colocada no ranking dos moscas, falando também dos outros treinadores citados.
“E eu saí da Astra Fight porque eu não estava evoluindo como atleta. Brigadeiro é um ótimo profissional, mas um lixo como pessoa. Não coloca luta para seus atletas, e quer que os lutadores ‘se fodam’, palavras dele”, disparou a peso mosca, que admite dívida com Malko.
“Já da Thai Brasil, saí porque queria caminhar com minhas próprias pernas. Sou mãe, tenho filho pra criar, cuido da minha mãe e de um irmão pequeno. Malko pegava toda minha bolsa para ele, pegou até parte do meu bônus, que o próprio UFC disse que é 100% do atleta. Quero pagar a ele, mas ele tem que devolver a parte do bônus que ele pegou”, finalizou Taila.
O PVT entrou em contato com Malko, que nos enviou nota: “O que posso dizer é que a Taila veio até mim quando ocupava o 12º lugar na categoria do peso-mosca feminino, estava desmotivada e pedindo para que eu comandasse os treinamentos dela. Montamos um plano de carreira no qual prometi que em quatro lutas ou em até dois anos chegaríamos na disputa de cinturão.
Após duas lutas sob os meus comandos (12 meses no total), Taila já estava no octógono disputando o cinturão de melhor lutadora do peso-mosca feminino do mundo. Ainda que tenha perdido por decisão dividida, hoje ela ocupa o 2º lugar no ranking.
Trabalhamos assiduamente nos treinamentos da Taila, dia e noite, dentro e fora da academia, analisando cada detalhe, erros e acertos dela e de sua adversária.
Ocorre que até hoje não recebi os valores acordados pelo serviço já prestado. Tudo o que ela fez após a luta foi me enviar uma carta admitindo o quanto me deve, mas que não iria honrar com sua parte do acordo.”
Ao PVT, Marcelo Brigadeiro também falou sobre a polêmica: “Fiz a carreira da Taila, ela morou na minha casa, eu a chamava de filha. Ela não teve uma atitude digna. Nem posso falar muito porque, pela primeira vez em mais de vinte anos de carreira, tive que entrar na justiça contra atleta. Mas deixo a pergunta: será que só ela está certa e todo mundo está errado?”, questionou o líder da Astra Fight.
Também ouvido pelo PVT, Gilliard Paraná, treinador da PRVT e sócio de Malko, afirmou que os atletas geralmente são vistos como vítimas, e valorizou o trabalho dos treinadores e empresários.
“De cada 50 atletas que pegamos, 45 dão prejuízo. Como técnico, você pelo menos cria vínculo com o lutador, mas como empresário, você só tem retorno com 10% dos atletas da academia, sendo otimista. Então quando você vê um atleta saindo da academia, ou mudando de empresário, você não vê o quanto aquele empresário fez para o atleta no início da carreira. Os lutadores são vistos como vítimas, e os empresários e treinadores são exploradores”, lamenta Paraná, elogiando outros lutadores, como Jessica Andrade, umas da maiores representante de sua equipe.
“Por isso amo tanto a Jessica, sou fã de Jose Aldo, Marina Rodriguez, Pedro Rizzo, e outros, que estão com seus treinadores desde o início de suas carreiras. Quando você estava começando, seu treinador e seu empresário olharam por você, então é bom ver quem valoriza isso”, concluiu Gilliard.
A atleta e os treinadores são partes de processo que segue na justiça.