Portugal quer aproveitar o sucesso do MMA na Europa para se tornar uma das potências da modalidade no continente. Porém, atualmente, o país carece de grandes eventos. Uma das referências do esporte no local, o ex-lutador Sori Djalo vem trabalhando para mudar esse cenário. Em entrevista ao PVT, o líder da equipe Porto Fight Club deu um panorama sobre o atual momento do MMA português e disse como o Brasil pode ajudar o país nessa missão.
“Aqui o MMA ainda não é visto como esporte, mas aos poucos estamos conquistando nosso espaço”, explicou. “O Brasil é o país que criou esse esporte, está no topo. Mão de obra qualificada é sempre bem-vinda. Obviamente, falo de qualidade, e não quantidade”, destacou o português.
Confira o bate-papo na íntegra:
PVT: Qual sua origem na luta?
Sori Djalo: Comecei no Boxe com 14 anos. Depois fui para o Jiu-Jitsu. Comecei a praticar com Cleber Repolho, da Nova União (Manaus), aluno do Nonato. Competi bastante de quimono, até que, em 2002, migrei para o MMA. Nesta época ninguém conhecia MMA aqui em Portugal. Fiz 20 lutas, até sofrer um acidente de carro em 2012, quando quebrei o perônio, me aposentei dos ringues e abri minha própria academia. Meu objetivo inicialmente era ter os melhores atletas e a melhor equipe de portugal e em dois anos atingi esses objetivos. Hoje a Academia Porto Fight Club é a melhor equipe de Portugal e uma das melhores da Europa.
PVT: Você consegue se manter só com profissionais de MMA?
SD: De jeito nenhum! Aqui temos musculação, boxe, aulas de grupo (ginástica localizada, crossfit, rumba). Só com o MMA é impossível.
PVT: No Brasil o MMA sofreu muito preconceito no início. Como foi em Portugal?
SD: Aqui também até hoje o MMA ainda não é reconhecido como esporte, mas aos poucos estamos conquistando nosso espaço.
PVT: O que falta para o UFC chegar a Portugal?
SD: Já tentamos, em 2017, mas infelizmente não aconteceu. Acredito que quando o UFC decidir vir para cá vai gostar do resultado. Certamente a arena ficará lotada. Portugal fica muito bem localizado na Europa; temos aqui do lado Espanha, França e diversos outros países onde o público adora o esporte e certamente viriam lotar a arena.
PVT: A França acabou de legalizar o MMA e tudo indica que o UFC deva realizar sua primeira edição lá no final deste ano. De que maneira isso pode impactar uma explosão do MMA em Portugal?
SD: Esta é uma excelente notícia para todo o mercado europeu e obviamente deve impactar muito aqui em Portugal também. Além de abrir as portas para os atletas portugueses, um UFC num país vizinho certamente trará um impacto positivo para a popularização do MMA aqui no país.
PVT: Como o Brasil pode ajudar a transformar Portugal em potência no MMA?
SD: De várias maneiras. O Brasil é o país que criou o esporte e está no topo. Mão de obra qualificada é sempre bem-vinda para nos ajudar a desenvolver o esporte aqui em Portugal. Obviamente falo de qualidade, não quantidade. Gente inexperiente que vem para cá disputar um mercado que está começando só complica.
PVT: Quem é o maior talento do esporte em Portugal?
SD: Temos vários atletas. Aqui na minha equipe tenho dois que, inclusive, lutam no mesmo dia, 22 de fevereiro: Falco, no Rizin, e Yamik, no Bellator.
PVT: Quem foi sua referência no esporte e quem considera o maior da atualidade?
SD: Minha referência foi o Vitor Belfort. Um dos primeiros a juntar Jiu-Jitsu, Boxe e atleticismo também. Hoje o atleta que mais admiro é o Jon Jones. Também gosto do Demetrious Johnson.
PVT: Você já realizou diversos eventos de MMA em Portugal. Tem planos para fazer outros?
SD: Sim. Estávamos organizando o PFC (Portugal Fight Club) no dia 2 de maio aqui no Pavilhão do Porto, que tem espaço para 8 mil pessoas, mas, por conta do coronavírus, adiamos o evento para julho. Ainda tenho algumas vagas no card, se houver algum brasileiro interessado e que esteja aqui pela Europa, pode mandar seu currículo para analisarmos.O e-mail é portfightclub@gmail.com.