A Tailândia é o berço do Muay Thai. Com movimentos intensos que incluem chutes e socos, a modalidade cresceu vertiginosamente nos últimos anos, incluindo em academias brasileiras, já que o esporte possui inúmeros benefícios para quem deseja manter a saúde em dia e ter melhor condicionamento físico. Entretanto, o país do Muay Thai as polêmicas são outras e envolve a discussão de até que ponto as crianças devem participar desse tipo de arte marcial.
Tudo começou em novembro do ano passado, quando uma criança de apenas 13 anos, Anucha Tasako morreu em decorrência de uma hemorragia cerebral. As lutas entre crianças são comuns na Tailândia, e na ocasião, Anucha levou cinco golpes na cabeça, o que levou o pequeno atleta à nocaute. O que mais surpreende nesse caso é que o menino já tinha passado por 174 lutas, desde os seus 8 anos de idade. Quem já assistiu uma luta de Muay Thai sabe o quanto a modalidade pode ser violenta, então porque expor as crianças tailandesas à esses risco? A resposta é fácil de encontrar.
Muay Thai para as famílias tailandesas
Existe um grande mercado para o Muay Thai na Tailândia. A realidade é que muitas crianças passam seus dias treinando para virarem grandes lutadores. Para as pessoas pobres, o esporte é uma das poucas chances de ascensão social. Para as pessoas ricas, a possibilidade de aumentar sua renda por meio das apostas é grande. Ou seja, as crianças são expostas ao risco, na maioria das vezes, para sustentar suas famílias. Saiba que, se na Tailândia as apostas são feitas de forma irregular, na internet é possível apostar nas categorias regularizadas da modalidade em qualquer lugar do mundo. O mercado de apostas legal movimenta o esporte, não apenas o futebol, mas também o setor de luta, gerando até mesmo patrocínios. Por exemplo, a Sportingbet Brasil é pioneira no setor ao disponibilizar os campeonatos mundiais de Muay Thai para que seus usuários possam se divertir e ganhar dinheiro.
Outro ponto importante nessa discussão é o resultado de pesquisas realizadas recentemente sobre o impacto que a luta infantil causa nas crianças. O neurologista Jiraporn Laothomatas estudou por sete anos o que acontece no cérebro desses pequenos atletas, e descobriu que existe uma queda acentuada no Q.I. e nas funções cerebrais decorrentes da força que as lutas causam no funcionamento corporal. Ou seja, enquanto muitas dessas crianças garantem o sustento de suas famílias, à longo prazo estão provocando danos para elas mesmas. Por isso, tantas pessoas defendem a proibição do Muay Thai infantil.
Além disso, na Tailândia existem regras específicas para lutadores de 15 anos ou mais, mas não há muitas explicações para os atletas mais novos. Por conta disso, estima-se que pelo menos 200 mil atletas menores de 15 anos competem regularmente, especialmente em jogos que não são regularizados pelo governo.
As regras dos adultos
Por possuírem diferentes características corporais, as regras dos jogos dos adultos não podem se aplicar às crianças. Principalmente porque os menores de idade ainda estão em fase de crescimento e os golpes podem causar lesões sérias, tanto na estrutura muscular quanto no cérebro. Ainda assim, os adultos também não estão livres dos riscos do esporte. Recentemente, o heptacampeão mundial de Muay Thai Christian Daghio morreu após ser nocauteado em uma luta, também com danos cerebrais.
De qualquer forma, fica à cargo dos adultos decidirem o que será feito para dar mais segurança e estabelecer limites para as lutas das crianças. Todo esporte é uma importante ferramenta de desenvolvimento social, além do fato de muitos atletas serem verdadeiros entusiastas da modalidade. Vitor Miranda, por exemplo, após ser desligado oficialmente do UFC declarou que vai voltar para o Muay Thai, sua verdadeira paixão. No final, o essencial na Tailândia e no mundo é encontrar o equilíbrio para oferecer competições mais seguras e saudáveis para todas as idades.