Wilson Passarito, que teve trilogia com Carlson Gracie nos anos 50, morre aos 94 anos

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Faleceu no último domingo (29), aos 94 anos (1928-2023), um dos últimos grandes ícones do sexteto de ouro da 2ª geração do Vale Tudo brasileiro. Campeão brasileiro de judô nos anos 50 e ex-fuzileiro naval, Wilson de Oliveira, ficou conhecido como “El Passarito” quando representou o Brasil nos jogos Pan-americanos em Buenos Aires em 1951. Grande amigo e parceiro de treinos de Waldemar Santana, Passarito era aluno de Augusto Cordeiro no Judô e Euclydes Hatem na Luta-Livre, vindo da mesma linhagem dos lutadores da capoeira e Luta-Livre que se uniram para enfrentar a hegemonia Gracie.

Passarito (em pé) e Carlson se enfrentaram no Maracanã, Maracanazinho e em São Januário (Foto: arquivo nacional)

Passarito enfrentou Carlson Gracie em três oportunidades no Vale-Tudo. A primeira foi no gramado do Maracanã em 1953, três anos antes da histórica luta onde Carlson vingou o tio Hélio contra Waldemar. Carlson começou lutando de Kimono, mas como vinha levando muitas quedas, Hélio o convenceu a tirar o Kimono no decorrer do combate. Apesar da clara vantagem de Passarito, que chegou a quebrar a clavícula do Gracie, num lance em que ameaçou jogá-lo no fosso que separava o gramado da geral, a luta terminou empatada.

No ano seguinte foi marcada a revanche em São Januário e desta vez Carlson deu o troco dominando inteiramente a luta e deixando o Wilson com o rosto muito machucado.
O trilogia ocorreu em 1958 no Maracanãzinho. Na oportunidade, Passarito já estava afastado dos ringues, se dedicando ao Judô, mas foi convencido pelo amigo Waldemar a aceitar o desafio do Gracie. Desta vez Carlson conseguiu finalizá-lo no 4º round.

Em novembro de 2020 o colega Elton Silva, autor do livro Muito Antes do MMA, fez uma entrevista exclusiva com o mestre, que falou de suas lutas com Carlson e de personagens lendários como Sinhozinho, Tatu, Augusto Cordeiro e Waldemar Santana. O link para entrevista está nos stories do Instagram.

Com a morte de Passarito, só permanecem vivos dois ícones do chamado sexteto de ouro do Vale-Tudo brasileiro nos anos 50 e 60: Euclides Pereira (81 anos), que hoje mora em Brasilia, e João Alberto Barreto (80 anos), que hoje mora no Rio de Janeiro. Waldemar Santana faleceu em 1984 (aos 55 anos), Ivan Gomes faleceu em 1990 (aos 50 anos) e Carlson Gracie em 2006 (aos 73 anos).