Presidente da CBBoxe, Marcos Brito avalia resultado em Paris

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Bia Ferreira conquistou o bronze em Paris - Fernando Banzi

Envolta de muita expectativa, após um ciclo olímpico considerado impecável, a seleção brasileira de boxe voltou das Olimpíadas de Paris com uma medalha, a de bronze conquistada por Beatriz Ferreira na categoria até 60kg. O número foi abaixo do esperado pela Confederação Brasileira de Boxe, levando em conta todo o investimento e resultados obtidos durante a preparação.

Bia Ferreira conquistou o bronze em Paris – Fernando Banzi

Para o presidente da entidade, Marcos Brito, a análise não deve se limitar ao número de medalhas conquistadas nos Jogos Olímpicos, embora o Brasil tenha chegado perto de conseguir outras três, perdendo no detalhe. Apesar de ser o ápice do ciclo e o momento mais esperado, o dirigente ressalta que um ciclo olímpico vai além dos jogos em si.

“Em Paris o boxe brasileiro não foi o que gostaríamos que tivesse sido. Mas fazer análise apenas pelo resultado nos jogos olímpicos, é algo incorreto ou eventualmente oportunista. É claro que a expectativa era grande, e isso em razão do excelente ciclo que a seleção desempenhou. E a esperança era grande não só por parte do público, por parte da imprensa, mas era grande também pelos próprios atletas e pela equipe. Todos estavam lá em busca da sua realização profissional e pessoal, e desejando levar alegria aos brasileiros”, ressalta Brito.

“Dentro do ciclo olímpico a seleção brasileira de boxe conquistou um número impressionante de medalhas, incluindo aqui importantes medalhas nos dificílimos campeonatos mundiais, no campeonato continental e no campeonato Pan-Americano, onde fomos campeões por equipe. Classificamos 10 atletas para as olimpíadas, o que é um feito histórico. E, de fato, isso aumentou a expectativa em cima do nosso time. Mas para quem acompanhou e viu todas as disputas nas olimpíadas, pode perceber o grau de dificuldade que a competição impôs”, complementa.

Vale lembrar que a medalha conquistada por Bia Ferreira em Paris fez com que mais uma vez o boxe brasileiro não passasse em branco em uma olimpíada. A última vez que isso aconteceu foi nos Jogos de Pequim, em 2008. Até então, o último pódio olímpico do país, e também o primeiro, havia sido o bronze de Servílio de Oliveira em 1968, no México. De 2012 para cá, foram quatro Olimpíadas, todas com o Brasil no pódio.

“Por óbvio que nossa vontade era de resultados melhores e temos muito ainda a avaliar sobre o nosso desempenho. Fica o gosto amargo de não ter conseguido os objetivos, mas estamos com a consciência tranquila de havermos feito todo o trabalho necessário, com o apoio integral e irrestrito do Comitê Olímpico do Brasil, para chegarmos lá e conquistarmos o maior volume possível de vitórias, que não ocorreram nos Jogos Olímpicos de 2024, mas ocorreram nos jogos de 2020, nos mundiais, no continental, no pan americano e em várias competições onde o Brasil saiu como campeão por equipes”, lembra o presidente da CBBoxe.

Sobre as críticas construtivas recebidas, Marcos Brito afirma que tudo será levado em conta.

“É natural que as críticas aconteçam, tendo em vista que as projeções que eram feitas anteriormente foram maiores do que o que foi conquistado, mas a equipe que trouxe esse bronze é a mesma que conquistou três medalhas nos Jogos de Tóquio e sete pódios nos quatro Mundiais de 2019 a 2023, dentre outras competições duríssimas”, explica.

“Todos nossos atletas chegaram aos Jogos Olímpicos bem preparados e enfrentaram adversários da mais alta qualidade; em alguns casos, combates que se esperava que ocorressem mais à frente na competição. Jucielen, Keno e Wanderley caíram na luta da medalha de bronze. Portanto, todas as críticas são consideradas, serão avaliadas no contexto da evolução e do desempenho da seleção nos jogos”, emenda.

Já as críticas que não forem para agregar na evolução da seleção, segundo o presidente da CBBoxe, não serão levadas em conta.

“Há também críticas feitas por pessoas que torcem pelo contra, aquelas que querem o resultado ruim para conseguirem exposição por motivação exclusivamente pessoal, e interesses diversos aos do esporte. Essas serão desconsideradas. O sentimento que fica é o sentimento de que todos temos, o de voltamos com menos do que esperávamos. Fica aquela sensação do quase; quase chegamos a quatro medalhas olímpicas, quase Abner ganhou, quase Bolinha ganhou. É hora de juntarmos todas as informações do ciclo inteiro, analisarmos com muito cuidado e projetarmos a preparação para o futuro”, comenta.

Por falar em futuro, logo após uma reunião que acontecerá nos próximos dias com o corpo técnico da seleção brasileira, a equipe já voltará a atenção para as próximas competições.

“Agora os nossos objetivos são as competições da World Boxing na Mongólia e na Inglaterra buscando o melhor ranqueamento para nossos atletas. E, além dessas, o mundial juvenil que acontece nos Estados Unidos e a Gymnasiade, em colaboração com a Confederação Brasileira de Desporto Escolar”, explica Marcos Brito.

Sobre o ciclo para Los Angeles-2028, Marcos Brito exalta sua confiança no elenco.

“Nossa política em relação à seleção brasileira de boxe é pautada pela utilização dos que estão em melhores condições de competição. Neste ponto temos grandes atletas. Se não conseguiram os resultados agora, continuam sendo temidos pelas seleções do mundo inteiro, por isso não há planos de se alterar essa premissa. Neste momento, a seleção brasileira terá uma alteração, a Bia deixa o boxe olímpico, por iniciativa própria, para se dedicar ao boxe profissional, onde certamente trará muitas conquistas para o Brasil”, conclui.