TKO com soco no seio suscita debate sobre câncer e proteção especifica para mulheres

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O nocaute técnico de Tamires Vidal a partir de um soco no busto aplicado por Melissa Gatto no último UFC suscitou um debate muito importante a partir de uma colocação de Tainara Lisboa, comentarista convidada que compunha a bancada do UFC Fight Pass Brasil junto com Carlão Barreto, e Andre Azevedo. Ao ver o árbitro decretar o nocaute técnico, Tainara lembrou na transmissão que, apesar de as regras serem exatamente iguais para homens e mulheres ou seja, não existir nenhum tipo de proibição para golpes nos seios, já existem estudos científicos comprovando que uma das causas do aparecimento de nódulos, que levam ao câncer de mama, seriam pancadas na área dos seios.

Tainara Lisboa

A necessidade do debate ganhou ainda mais força após a entrevista ao vivo da repórter Evelyn Rodrigues com Melissa Gatto. “Estudando para a luta percebi que ela sentia muita dor com socos no busto em algumas lutas prévias, por isso fiz questão de perguntar ao árbitro, quando ele veio ao meu vestiário antes da luta, se eu acertasse a área seria alguma falta, e ele deixou claro que não seria um golpe ilegal. O próprio arbitro esclareceu que se eu a acertasse e ela pedisse para parar, que eu deveria continuar lutando. Ele mesmo disse só para quando eu mandar. E foi exatamente o que fiz”, explicou Gatto ao vivo na transmissão.

As falas de Tainara e a entrevista de Melissa logo após a luta foram amplamente debatidas por dois especialistas, em podcasts no Youtube logo após a luta. Em seu Momento Bravo no domingo, o diretor de arbitragem da IMMAF, Guilherme Bravo, fez questão de enfatizar que a atleta jogou com as regras. “A Melissa foi inteligente, estudou as regras, percebeu um ponto fraco da oponente e trabalhou nele. A questão aqui não é culpar a atleta, mas levantar um debate necessário para a evolução do esporte que hoje é disputado por homens e mulheres, mas as regras foram feitas só por homens”. Carlão Barreto, comentarista principal do UFC Fight Pass Brasil, concordou com Bravo no seu podcast de segunda feira, Papo de Luta. “Mandei uma mensagem para a Claudia Gadelha, que hoje é funcionária do UFC, assim que terminou a transmissão. As mulheres precisam se unir para fazer algo. Pode não ser necessariamente mudar a regras, mas pelos menos que se crie uma roupa oficial para as meninas com um bustiê de proteção obrigatório. UFC não está redesenhando as luvas para evolução do esporte, seria o mesmo caminho no sentido de proteger as mulheres. Principalmente se já existem estudos comprovando a ligação entre pancadas nos seios e o câncer de mama”.

Guilherme Bravo lembrou ainda que a ABC terá uma grande reunião este ano para definir a unificação do conceito de downposition e esta seria uma oportunidade excelente para se debater este assuntos. “O debate é sempre importante para a evolução do esporte. Acho que as meninas podiam aproveitar essa importante votação da ABC este ano para levar esta questão a debate. Isso é coisa séria”, finalizou Bravo.