Don Frye, Dan Severn, Wallid, Paul Varelans e Kimo Leopoldo. Esta foi a seleção mundial escolhida por um empresário japonês para lançar o U-Japan, evento criado em novembro de 96 para rivalizar com o bem sucedido torneio Japan Open.
O novo show teria tudo para se popularizar como uma espécie de UFC japonês, se não fosse o nível dos lutadores escolhidos para enfrentaram os ídolos locais.
Texto e fotos Marcelo Alonso
O sucesso de duas edições do Vale-Tudo Japan Open (em 94 e 95), que consagrou o brasileiro Rickson Gracie (vencedor dos dois torneios), fez com que um empresário japonês decidisse investir em um novo evento mais próximo da realidade do UFC, ou seja, com cage e lutas individuais.
Com estrelas consagradas no UFC como Dan Severn, Don Frye e Kimo Leopoldo, o novo show conseguiu lotar o Ariake Arena em Tóquio com sete mil pessoas.
Apesar de ainda não ter lutado no UFC e não ser tão famoso quanto os americanos, Wallid Ismail (1,70m / 85kg) conseguiu um lugar no card após a rápida vitória no UVF 1 (também realizado no Japão em 95), sobre o grego Denis Kefalinos; além da finalização em apenas 4 minutos sobre o japonês Katsumi Usuda (1,72m/83kg) no UVF 2 (realizado no Rio em abril de 96). “Ele foi um guerreiro indo lutar comigo no Rio, nada mais justo que eu aceitar a revanche em sua casa”, disse o amazonense, que viajou para Tóquio acompanhado do mestre Carlson.
Desta vez porém, Ismail só precisou de 3min10s para derrubar, pegar as costas e encaixar o mesmo mata-leão. Usuda resistiu e acabou apagando. “Fico impressionado como os japoneses são guerreiros, preferem apagar a bater” disse o marqueteiro após a luta, conquistando a mídia local.
KIMO REPRESENTANDO O JIU-JITSU
Consagrado no UFC 3 após a histórica batalha com Royce Gracie, o havaiano Kimo Leopoldo (1,85/105kg) , apareceu no U-Japan 20kg mais magro e se dizendo representante do Jiu-Jitsu. “Depois que passei a treinar com o Joe Moreira passei a entender melhor a luta. Hoje entro consciente e sabendo o que vou fazer.”, disse o faixa roxa, que não teve a menor dificuldade para vencer o americano, ídolo local das lutas estilo “telecatch”, Scott Bigelow (1.95m/165kg).
O havaiano derrubou nos primeiros minutos, montou, arrebentou o gorducho com uma saraivada de golpes e o obrigou a desistir com um mata-leão a 2min15s. No final Kimo fez questão de arrematar: “O Jiu-Jitsu é uma família e hoje eu faço parte dela”.
Na luta mais longa do evento (34 minutos), o Campeão mundial de Jiu-Jitsu na faixa azul, Sean Alvarez (1,90 / 105kg), fez sua estréia nos ringues vencendo ídolo japonês Yoji Anjo, aquele mesmo que havia tomado uma surra de Rickson ao invadir sua academia na Califórnia no ano anterior.
DUPLA DO BIGODE GROSSO
Outra lenda do UFC que não encontrou nenhuma dificuldade frente a um ídolo local foi Dan Severn (1.88m / 118kg). Com 14 lutas no currículo, naquele momento, e apenas 2 derrotas (Royce e Shamrock), o wrestler brincou com o karateca Mitsuhiro Matsunaga (1,80m/90kg).
Depois de rapidamente levá-lo ao chão, o americano aplicou uma sequência de bate-estacas. O japonês já tonto abriu a guarda permitindo que o americano levantasse novamente, o arremessando no chão com um kata-guruma. Severn caiu no cem quilos e finalizou com um armlock a 1min32s de luta.
Parceiro de treinos de Severn, Don Frye (1,85m/100kg) chegou mais forte e melhor preparado que no UFC 10, quando sofreu sua primeira derrota para Coleman. Enfrentando o também veterano do UFC Mark Hall (1,83m/88kg), Frye o finalizou com um estrangulamento a 5min30s.
Completando a surra gringa sobre os japoneses o gigante Paul Varelans (2,03m/136kg) só precisou de 34 segundos para atropelar o pequeno japonês Shinji Katase (1,75m/84kg).
Atropelo parecido sofreu a japonesa Yoko Takahashi que enfrentou a treinadora de Don Frye, Becki Levy, 30kg mais pesada. Obviamente os fãs japoneses saíram desapontados com a atuação de seus ídolos fato que talvez tenha colaborado para o U-Japan não ter uma segunda edição. Mas os japoneses não ficariam carentes de um grande evento por muito tempo. Onze meses após o U –Japan, seria realizada a primeira edição do maior de todos, o Pride.